São Vicente

Padre Feliciano, pároco da Igreja Nossa Senhora das Graças, completa 60 anos de sacerdócio

Humilde, orgulhoso espiritualmente e feliz”. Esse é o sentimento do padre Feliciano, pároco da Igreja Nossa Senhora das Graças, na Vila Valença, em São Vicente. Não é para menos, ele está completando 60 anos de sacerdócio, cercado pelo carinho, orações e homenagens da população que ele vem ajudando a cuidar, desde que chegou na Baixada Santista, em 1975.
Mas para falar da caminhada de Feliciano Arrastia Martinez é necessário começar em Navarro, na Espanha, onde nasceu em 1938. E foi lá que ele se formou em teologia e se tornou sacerdote em 9 de julho de 1961. “Foi uma escolha natural de pequeno. Na minha cidadezinha tinham muitos rapazes entrando no seminário e eu entrei também.  Lá, via bons exemplos, todos gostando do que faziam, contentes, e também fui me revestindo pelos mesmos sentimentos”, explica.
Feliciano pertencia à Congregação dos Agostinianos Missionários. Ele explica que já havia muitos padres na Espanha e muitos foram enviados para a América do Sul. Desembarcou em 1961 no Porto de Santos, mas não ficou por aqui. Ficou dois anos se adaptando ao País, em São Paulo, até ser enviado para missão na Ilha de Marajó.
ILHA DE MARAJÓ
Foram 13 anos na Ilha de Marajó, que fica no Pará e é banhada pelo Rio Amazonas e pelo Oceano Atlântico. “Me mandaram porque eu era jovem e forte e o padre que estava lá morreu afogado. Ninguém queria ir para lá”. Padre Feliciano conta que atuava no meio da selva, sem luz, sem jornal. A comunidade era formada especialmente por fazendeiros. “Mas cheguei a batizar índios”,  diz.
SÃO VICENTE
Em 1975, já fora da congregação, chegou para a Diocese de Santos. Aos 38 anos, trabalhou um ano na Catedral de Santos e na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, até que veio para São Vicente, onde fundou a Paróquia São Pedro “O Pescador”, no Itararé, atuando por 15 anos. “Fui das águas da Amazônia para a praia”, diz. Ele começou indo rezar missas para turistas em uma capelinha que havia no local. Depois, coube a ele a missão de erguer a igreja e a comunidade. “Foi um tempo bem feliz”.

“Não merecia tudo isso. Deus me concedeu essa graça”

Em 1991, Padre Feliciano chegou na Igreja Nossa Senhora das Graças. Assumiu no lugar de outro padre espanhol, que estava doente, e foi reerguendo a paróquia, do ponto de vista estrutural e espiritual. Mas, o grande fortalecimento da paróquia veio mesmo com a chegada do Encontro de Casais com Cristo (ECC) à igreja.
“Foi um movimento muito forte, com uma adesão muito grande. Foi a mola propulsora. Foram eles que impulsionaram a vinda dos jovens para igreja”, formando posteriormente o Encontro de Jovens com Cristo (EJC) e o Encontro de Adolescentes com Cristo (EAC). Eles movimentam a comunidade, com muitas ações sociais.
“Eu não acho que tenha carisma, mas eu também sei ficar no meu lugar. Nunca atrapalhei, sempre incentivei a participação deles. E mesmo em uma comunidade pequena, nossa paróquia foi ficando cada vez mais forte”, conta.
Padre Feliciano é conhecido por muita gente. Já perdeu as contas de quantas pessoas batizou na cidade, mas tem convicção que foi o que foi o sacerdote que mais batizou em São Vicente. Em meio a comemoração dos 60 anos, se diz muito feliz. “Nunca recebi tanto carinho. Acho que não merecia tudo isso, mas Deus me concedeu essa graça. É uma vida toda de sacerdócio”.
Mesmo aos 83 anos e muita coisa vivida, diz que jamais imaginou uma situação como a que estamos enfrentando agora como a pandemia de Covid-19. “Quando alguém da nossa comunidade é atingido, também nos atinge. Ficamos triste juntos e rezamos para amenizar um pouco esse sofrimento”.
Para ele, esse é um período de reflexão. “É algo que atingiu o mundo todo. O rico, o pobre, o padre, o bispo. Deus não castiga ninguém. Mas a gente precisa parar e refletir. Hoje o mundo está cada vez mais afastado de Deus”, completa.

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