Nesta segunda-feira (8), o anfiteatro do Hospital São José recebeu profissionais para debater um tema que requer atenção e cuidado: a prematuridade de bebês. Uma manhã de aprendizado foi organizada pelas equipes que trabalham na Maternidade Municipal, já que novembro é o mês de alerta para o assunto (Novembro Roxo).
Na abertura, realizada pela secretária de Saúde, Michelle Santos, tiveram destaque a importância do evento e alguns dos fatores que contribuem para o nascimento prematuro dos bebês, como a vulnerabilidade social e a ausência de pré-natal. “A gente sabe que a condição social das nossas gestantes também acaba culminando na prematuridade. Estamos aqui para falar de vidas e das causas que podem ser evitadas, para que a gente consiga, a cada dia mais, salvar esses bebês”, declara Michelle Santos, secretária de Saúde.
Após a abertura, foram apresentados gráficos que mostram a realidade do Município com relação ao tema.
Conforme levantamento da Maternidade Municipal, uma das principais causas do nascimento prematuro do bebê é a ausência de pré-natal.
Em 2020, a Maternidade Municipal registrou 181 internações na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, com 69 prematuros e 17 óbitos.
Este ano (2021), até outubro, foram computados 139 admissões na UTI, com 66 prematuros e 16 óbitos (nove eram prematuros extremos). “Já são 40 natimortos e 47 óbitos de bebês menores de um ano. A maioria das mães chega aqui sem pré-natal”, explica Jamillie de Cássia Palmeira, responsável técnica pela enfermagem da UTI Neonatal.
Para reduzir esses números, a Secretaria de Saúde (Sesau) vem lutando dia a dia para incentivar as mulheres a realizar o pré-natal nas unidades de atenção básica, e investindo em equipamentos e serviços na Maternidade Municipal.
Só neste ano, foram adquiridos cinco berços aquecidos novos, quatro incubadoras, aparelhos de fototerapia, e foram contratados fisioterapeutas (na UTI havia apenas duas profissionais e hoje todos os plantões estão cobertos).
Foi promovida a capacitação do método canguru e criado o Comitê Institucional de Mortalidade Infantil, que discute todos os casos de mortalidade infantil antes de serem encaminhados para o Comitê do Município.
Outra ação importante foi a reunião clínica de Apgar menor de 7 (teste feito no recém-nascido logo após o nascimento, que avalia seu estado geral e vitalidade, ajudando a identificar se é necessário qualquer tipo de tratamento ou cuidado médico extra após o nascimento), onde são feitas investigações dos casos.
Também foram contratados os serviços de ultrassonografia infantil, prometido desde 2012 pelos gestores, e cardiologia pediátrica, com médica que faz ultrassonografia e ecocardiografia nos recém-nascidos internados na UTI neonatal e dá todo suporte cardiológico necessário.
Depois de muitos anos, foi realizada pela Sesau a contratação de manutenção preventiva de equipamentos médico-hospitalares, que visa manter todo aparato em pleno funcionamento, evitando uma pane repentina que prejudique os serviços.
Além disso, foi retomado o projeto de visita semanal às unidades de atenção básica, que foi interrompido por causa da pandemia. As visitas são realizadas com serviço de psicologia e assistência social, para tentar vincular as gestantes à Maternidade.
A médica Maria Luiza Cunha David, palestrante do dia, explicou, entre outras coisas, que a prematuridade pode ser classificada em eletiva ou espontânea. “Na espontânea, 75% dos casos decorrem de trabalho de parto prematuro. Já na eletiva, a gestação é interrompida por complicações maternas e/ou fetais, 25% dos casos são por fatores de risco conhecidos”, conclui.
O presidente da Fundação Lusíada e coordenador do curso de Medicina, o professor doutor Mauro César Dinato também estava presente e lançou ao público uma novidade. “Nós estamos sendo muito bem atendidos na Cidade e, em razão da nossa parceria, em breve vamos anunciar um projeto que vai melhorar o índice de mortalidade infantil e materno-infantil em São Vicente, minha cidade natal”, disse.
Thaynã Carneiro, presidente do Fundo Social de Solidariedade (FSS), prestigiou o evento e agradeceu o convite. Na sua fala, ressaltou a importância do pré-natal médico e também do pré-natal psicológico. “Muitas vezes essas mães passam por situações, conflitos, e não têm com quem compartilhar. Já pensando nisso, e em reduzir os nossos índices, o FSS lançou o projeto Acolhe Mãe, que acolhe gestantes de médio e alto risco e oferece um pré-natal psicológico para essas mulheres. “É uma bandeira que eu vou levantar sempre, acolhendo as nossas gestantes e os nossos bebês, porque a gente precisa pensar nas próximas gerações”, ressalta.