Carregar não só por nove meses um filho, mas, sim, uma vida inteira. Trazer os problemas externos para si. Chorar de alegria por presenciar uma conquista, ou de tristeza por notar um momento difícil da pessoa que gerou. Assim é a vida de mãe. Neste domingo (8), todas elas são homenageadas e presenteadas. Mas a verdade é que todos os dias e horas são propícios para agradecê-las.
Nascida e criada em Recife, Pernambuco, e moradora de São Vicente há quatro anos, a dona Cosmarena Sena Ramos, de 61 anos, é um verdadeiro exemplo de mãe, que é capaz de tudo para presenciar o sorriso no rosto de um filho. Ela viveu em sua terra natal por quase seis décadas, onde cuidou da mãe, Iracy Maria de Sena, até o último dia de vida, aos 91 anos.
Criada apenas pela mãe, a filha Grace Kelly Sena decidiu se mudar para São Vicente em 2013, buscando melhores condições de vida. Na Baixada Santista, conseguiu emprego em uma padaria no bairro Boqueirão, em Santos.
Um grave problema na coluna obrigou Grace a passar por uma cirurgia. Preocupada, Cosmarena decidiu desembarcar na cidade litorânea para cuidar da filha até que ela estivesse 100% recuperada.
Entretanto, chegando à casa da filha, se deparou com o pior. “A Grace era abusada pelo então marido. Estava numa situação terrível. Eu tinha medo de que o pior acontecesse”, relata.
Desesperada, a mãe não tinha a quem recorrer, e notava que a filha não conseguia se desvincular da situação. Um dia, encorajada, ela decidiu questionar. “Perguntei se era realmente aquilo que ela queria. O rapaz só a fazia mal. Maltratava e desrespeitava. Foi difícil, mas graças a muita oração, fomos embora.”
A situação dramática fez com que Cosmarena desenvolvesse depressão. “Saímos de lá sem um tostão. Ela foi embora com a roupa do corpo e nada além disso. Sofri muito”, relembra.
Apesar do momento difícil, o pior já havia passado. As duas partiram para o bairro Boa Vista, em São Vicente, em busca de uma nova vida. Foi então que a mãe descobriu um hobby, algo que mudaria sua vida: o artesanato.
“O Cras oferecia uma capacitação gratuita de artesanato. Decidi ingressar na área. Hoje esse trabalho funciona como uma espécie de terapia no meu dia a dia”, conta.
A presença e o sorriso no rosto da filha, atrelados ao novo talento, fizeram com que Cosmarena ‘virasse a chave’. Atualmente, Grace segue trabalhando na padaria, e a mãe cuida da casa, ‘mimando’ a filha, sempre que possível. “Às vezes ela me pede para fazer aquela comida nordestina que ‘só eu sei’. Posso estar cansada, mas não consigo negar.”
A artesã também decidiu se aventurar, colocando suas obras à venda para conseguir uma renda extra. Até este sábado (7), ela expõe suas obras na Feira Calunga Mix de Dia das Mães. Há produtos da mais alta qualidade. Quem quiser conferir, basta comparecer à feira, na Praça Coronel Lopes (Centro), das 10h às 17h.
Independentemente de todas as dificuldades pelas quais passou, Cosmarena se mantém firme e grata. “Tudo que eu tenho é com suor. Ver que minha filha está feliz me faz bem. Hoje tenho tudo.”
Neste Dia das Mães, Cosmarena faz questão de lembrar de sua mãe, Iracy, que teve papel fundamental na formação do seu caráter. “Ela me ensinou a ter força, fé e ética.”
Ao término da entrevista, a moradora do bairro Boa Vista definiu, em poucas palavras, o que representa a palavra mãe. “Amor, sentimento e compaixão.”