Apaixonada pela escrita, amante de livros, sonhadora e dedicada a ajudar as pessoas a cuidarem da saúde mental. Essa é Aline Guillen, joalheira e escritora, de 29 anos, que reside no Centro de São Vicente.
Empenhada em produzir um conto destinado àqueles que sofrem com a dor da perda, Aline criou a obra ‘O Brilho Mágico’.
Não é novidade para ninguém que a pandemia da Covid-19 afetou a vida de muita gente – seja pelo temor de contrair a doença e transmiti-la a alguém que ama, ou pelos conflitos internos que o isolamento social causou.
A autora foi uma das pessoas que sofreu com o período das restrições impostas. Dentro de sua casa, aflita, não enxergava uma ‘luz no fim do túnel’. Entretanto, em abril de 2020, sentiu um chamado no coração. A vicentina decidiu, então, produzir o livro sobre um assunto que é tabu na sociedade: a morte. Porém, com uma abordagem voltada a confortar o coração de cada leitor.
“Eu nunca tinha perdido uma pessoa próxima. Então não sabia como funcionava o processo do luto. Mas, enquanto não escrevi, esse chamado não me deixou em paz”, comenta a autora.
“Eu acredito que, dentro de cada um de nós existe um brilho interno, ao qual só pode ser enxergado com os olhos do nosso coração. Quando aprendemos a ver esse brilho em alguém, nunca mais esquecemos. Porém, um dia, esse brilho precisa ir embora. Quando ele parte, a princípio, deixa um vazio em nossa alma. Mas, o objetivo é mostrar que, na verdade, o brilho não se apaga, apenas vai para um outro lugar”, explica.
A primeira pessoa selecionada para ler a história só poderia ser alguém especial. A escolhida foi a avó, Maria Guillen Telles, que considerou a obra fascinante e incentivou a neta a lançá-la oficialmente. No entanto, para a escritora, aquele ainda não era o momento adequado.
Um ano depois, em abril de 2021, o inesperado aconteceu. Aos 80 anos de idade, a avó de Aline foi mais uma das vítimas fatais da Covid-19. “Meu mundo desabou. Eu me espelhava muito nela”, relembra.
Apesar de ter vivenciado a dor da perda de uma pessoa próxima, a vicentina levantou a cabeça e recorreu à obra que produziu.
“Quando li, percebi que tinha escrito para mim mesma. Senti a presença da minha vó como uma estrela brilhando no céu”, relatou, emocionada.
Aline tomou como objetivo dar sequência ao legado de dona Maria. Um dos primeiros desejos era que a neta expandisse a obra para que outras pessoas pudessem acessar. No dia 21 de novembro de 2021, o ‘Brilho Mágico’ foi lançado oficialmente, na Avenida Paulista, em São Paulo.
“Foi um momento especial. Senti a presença da minha avó naquele dia”, relata.
Segundo a autora, a morte deveria ser abordada com mais frequência na sociedade. “Ao meu ver, não temos controle daquilo que não discutimos, e acabamos não sabendo como lidar. Quero ajudar as pessoas, especialmente as crianças, a conseguirem assimilar esse assunto de uma outra forma”.
Um dos presenteados com a obra ‘O Brilho Mágico’ foi o prefeito Kayo Amado, que enalteceu o trabalho da escritora. “A Aline possui um talento maravilhoso. O que me encanta é, além desse dom que ela tem para escrever, a vontade de ajudar as pessoas de alguma forma. Ser presenteado com este livro foi especial”.
Apaixonada por São Vicente, Aline enxerga um símbolo de esperança no prefeito. “Essa Cidade faz parte de mim. Por muitos anos, senti o abandono e o descaso das administrações. Quando o Kayo foi eleito, após se dedicar muito para assumir o Município, vi nele uma luz, algo que traz esperança de dias melhores”, ressalta.
Planos para o futuro
Com apenas 29 anos, a jovem traçou a meta de contribuir com a formação educacional das crianças vicentinas. Ela pretende lançar, em breve, oficinas nas quais os pequenos aprenderão a produzir suas próprias obras.
“A criança tem o recurso da espontaneidade. Todos nós temos uma história. Quero capacitar os pequenos a desenvolverem as ideias que vem à mente”.
Inspirada em sua avó, Aline não impõe limites para seus sonhos. “Quero, através da escrita e de pautas envolvidas à saúde mental, ajudar a construir um mundo melhor. Minha intenção é mostrar às pessoas, o brilho mágico que cada uma possui dentro de si”, concluiu.
