O tão esperado filme do Homem-Aranha estreia dia 16 de dezembro nos cinemas. Mas São Vicente tem um super-herói para chamar de seu durante todo o ano. Morador do bairro Jardim Independência, Richard Pereira da Silva escondia, até então, sua segunda identidade. Há cinco anos ele visita, voluntariamente, hospitais, comunidades e aldeias indígenas da região, fantasiado com o uniforme do personagem, alegrando crianças e adolescentes.
Fã do herói desde pequeno, Richard comprou a fantasia para participar de um evento de cultura pop como cosplay. Ao receber a encomenda, sentiu que era a oportunidade que precisava para fazer o bem ao próximo, afinal, como diz a famosa frase da história do Homem Aranha: “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. “Logo depois de participar do festival, tive a ideia de visitar as crianças em hospitais e comunidades carentes para não deixar a fantasia guardada no guarda-roupa até o próximo evento, que seria apenas no ano seguinte”, revela.
A paixão pelo trabalho voluntário é tanta, que o técnico de enfermagem já conseguiu influenciar outras pessoas a participarem. “Um dia não consegui comparecer a uma visita no hospital, pois estava de plantão. Fiquei chateado porque as crianças esperam muito por isso. Convidei uma amiga e ela ficou sem jeito por ser mulher, preocupada em como ia esconder o cabelo e a voz. As crianças querem o Homem-Aranha, não importa quem está por baixo da roupa.” A amiga não só foi, como também se apaixonou pelo trabalho e quis participar outras vezes.
Durante a quarentena, Richard confessou ter sentido bastante falta de realizar as visitas, que são um diferencial na vida dos pequenos. “Durante a pandemia, fiz algumas lives nas redes sociais, mas não é a mesma coisa. É como se estivessem vendo um filme. Às vezes não estou em um dia bom, mas vou alegrar as crianças e recebo muito carinho, sorrisos e abraços. Esse amor todo fez muita falta durante esse período. É incrível o poder que essa roupa tem.”
O único privilegiado que recebeu a visita do herói aracnídeo em casa, durante a quarentena (sempre respeitando o distanciamento e os protocolos de higiene), foi João Pedro Bomfim Campos, conhecido como JP, de 7 anos. O pequeno valente tem microcefalia e mielomeningocele, por isso é cadeirante e deficiente visual.
“Ele ama o Homem-Aranha. Mesmo sem enxergar, ele fica muito empolgado quando o encontra. Ele diz que é tão guerreiro quanto o personagem e que o nome dele é ‘John Peter’, igual ao ‘Peter Parker’ na história. Imagina uma criança especial encontrando o seu ídolo? O projeto do Richard é incrível”, conta Ana Paula Peixoto Campos, mãe do JP.
E o que começou despretensiosamente virou missão de vida. Richard sonha acordado com o dia em que irá passar a “farda” para um de seus filhos. Patrick e Yasmin sentem muito orgulho do pai e, apesar de serem tímidos, já participaram de alguns trabalhos. “Eles gostam e costumam ajudar nos bastidores e na organização sempre que podem, juntamente com a minha esposa. Vou seguir com esse projeto até o dia que eu puder, e quando eu não conseguir mais, desejo que um deles possa dar continuidade”, afirma Richard.