De domingo a domingo, lá está ela de pé às 4h. Toma banho, faz café, segue para o trabalho, retoma, prepara almoço, cuida da família, lava roupa, faz faxina na casa. Muitas mulheres em uma, a margarida Luana Menezes Rodrigues, 40 anos, moradora do Morro Santa Maria, é o retrato feminino da superação de desafios, sobrecargas e responsabilidades diários. “A rotina da mulher não para”, diz ela, que trabalha há dez anos na Terracom, é casada e mãe de três filhos, um deles falecido.
São de 3 a 4 km que ela percorre por dia limpando as ruas da Cidade sob sol ou chuva, paramentada com seus instrumentos de trabalho – vassoura, pá e carrinho. Sai de casa já com uniforme, chega no serviço, bate cartão, pega os equipamentos de proteção individual (EPIs) como capa de chuva, luvas e boné, além de álcool em gel, e inicia mais uma jornada de 6h pelas ruas do bairro Macuco, nas proximidades da Avenida Afonso Pena, área onde atua.
“Quando olho a rua toda limpa, agradeço a Deus pela minha tarefa cumprida. Porque o maior esforço que tenho é durante meu trabalho”, afirma, contando que, quando chega em casa, mesmo exausta, continua na labuta. “Minhas filhas, de 15 e 13 anos, e meu marido, deixam a casa organizada, mas as tarefas pesadas sou eu que faço”.
RECOLHENDO GENTILEZAS
“Bom dia, Deus te abençoe”; “Está com capa de chuva? Vai chover! Tem que se proteger para não pegar um resfriado?”; “Quer um cafezinho, água?”; “Vocês estão bem, meninas?”. Essas são algumas das frases que Luana e sua parceira de trabalho ouvem dos moradores. Para ela, é gratificante ter esse reconhecimento dos munícipes por meio de gentilezas e cortesias.
“Trabalhamos sempre em dupla ou trio debaixo de sol e de chuva, e as pessoas se preocupam com a gente, muitos agradecem por estarmos varrendo. É muito bom receber um bom dia ou ouvir um elogio. Como estou há muito tempo na varrição do mesmo bairro, acabo conhecendo os munícipes. Fazemos parte daquele cotidiano, ficamos sabendo da vida das pessoas”.
MAIOR DESAFIO
Luana não hesita sobre seu mais difícil desafio como mulher: a perda do filho de 20 anos, há quatro. “Precisei reaprender a viver. Minhas filhas e meu marido me deram força, o que me reergueu”. Se em março se celebra o Dia Internacional da Mulher (dia 8), também é um período especial para ela, o mês do aniversário do filho.
Nessa coincidência, ela se fortalece em sua própria história de vida: “Já passei por grandes momentos que não foram fáceis e, hoje, com meu marido e minhas filhas somos unidos e felizes. Ser mulher é ser guerreira, companheira do esposo, amiga das filhas, ser persistente, ter determinação e nunca desanimar. É ter coragem para enfrentar a vida e o mundo”.