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Inclusão de alunos com deficiência avança no Brasil, mas ainda carece de atenção e investimentos

Luciana Paranhos Vieira, psicopedagoga 
e especialista em inclusão escolar
Luciana Paranhos Vieira, psicopedagoga
e especialista em inclusão escolar

A inclusão de alunos com deficiência em escolas por todo o Brasil tem se tornado um desafio para as instituições de ensino e os educadores. Em alguns casos, inclusive, também é encarado como um drama para as famílias dessas crianças e jovens.

Cabe lembrar que, muitas vezes, os profissionais de ensino sentem-se despreparados e sem apoio para atender os alunos com deficiência, enquanto os pais e mães peregrinam para encontrar uma escola que reconheça e respeite os direitos educacionais dos seus filhos.

Segundo a psicopedagoga e especialista em inclusão escolar, Luciana Paranhos Vieira, o trabalho de inserção do aluno com deficiência deve ser feito de forma minuciosa. Para ela, trata-se de um aprimoramento constante e que prima pela sensibilidade.

“Observar e refletir sobre as especificidades de cada aluno me aguçou a sensibilidade, aprimorando habilidades e me fazendo adquirir conhecimentos e práticas inclusivas. Me mantenho vigilante: afeto, verdade e entrega são sentimentos de continuidade no ensino”, ressaltou ela, destacando também a relevância do tema nos dias atuais.

“A educação inclusiva é o único caminho. Só ela é capaz de abraçar a todos, com a certeza que em um mundo inclusivo, cada caso é um caso, cada dia é um dia, cada criança é uma criança. Cada vez mais podemos atender às demandas das crianças e famílias que necessitam da inclusão com a certeza que hoje é melhor que ontem e amanhã será, definitivamente, melhor que hoje”, completa.

A inclusão de pessoas com deficiência na educação regular só foi fortalecida no País em 1996, com a LDB – Lei de Diretrizes e Bases, que, em seus artigos 58, 59 e 60 reafirma o acesso de pessoas com deficiência em escolas regulares por meio de regimento. Para a psicopedagoga, em um primeiro momento, a inclusão até acontece no País, mas ainda está aquém do formato ideal.

“Acessibilidade, disposição física das escolas e formação especializada para educadores ocorrem de forma tímida. Esse trabalho vem sendo feito em algumas escolas, dia após dia, mas sabemos que o cenário político e econômico do país ainda impossibilita que, na prática, muitas crianças sejam atendidas”, salienta.

Luciana ressalta que alguns países podem servir como referência para o Brasil, casos como o Chile, a Itália, Luxemburgo e Portugal. “Esses países oferecem educação inclusiva para todos os estudantes, segundo pesquisa da Unesco, no Relatório de Seguimento da Educação no Mundo, onde 194 países são analisados. Sinal de que ainda temos muito a desenvolver na educação inclusiva”, avalia.

Ainda segundo a especialista, há um ‘abismo’ entre teoria e prática em solo verde-amarelo. Luciana alerta que o impasse só pode ser solucionado com mais atenção e, principalmente, investimentos por parte do governo federal.

“Apesar do avanço em relação à legislação, ainda temos um abismo até a prática, de fato, no cenário brasileiro. Precisamos explorar as possibilidades, detectar os ganhos e as falhas nesse processo para assim integrarmos a qualidade das práticas pedagógicas, recursos, tecnologias e novos caminhos e pesquisas”, sugere a especialista.

“A sentença para uma equação tão complexa passa, necessariamente, pelo investimento nos profissionais que se dedicam à educação. Os educadores são a chave para a transformação da inclusão em um processo transparente, palatável e bem-sucedido. Esse é o caminho”, conclui.

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