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Ex-cunhada indica em gravações envolvimento direto de Bolsonaro em caso da ‘rachadinha’

Áudios obtidos com exclusividade pelo portal Uol apontam o envolvimento direto de Jair Bolsonaro com o esquema de rachadinhas (desvio de salários), durante o período em que foi deputado federal. Em uma das gravações, a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente, revela detalhes do esquema. As informações são da colunista Juliana Dal Piva, do Uol.
Em um dos áudios, Andrea conta que o irmão André Siqueira Valle foi demitido do gabinete de Bolsonaro por se recusar a devolver a maior parte do salário como assessor.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’, afirmou a ex-cunhada do presidente.
As reportagens do Uol revelam ainda que a tarefa de recolher os salários dos funcionários do gabinete não era exclusividade de Fabrício Queiroz.
Em uma das gravações, a ex-cunhada do presidente revela que o coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson, ex-colega de Bolsonaro e tio de Andrea, recolheu os salários dela quando ela constava como assessora do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
“O tio Hudson também já tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele”, afirmou Andrea.
De acordo com o Uol, os relatos da ex-cunhada de Bolsonaro são de gravações feitas entre 2018 e 2019. Uma das pessoas que ouviu Andrea entregou os áudios à reportagem sob condição de anonimato.
Outra conversa que a reportagem teve acesso foi entre Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, esposa e filha de Fabrício Queiroz. Na troca de mensagens, de outubro de 2019, as duas chamam Jair Bolsonaro de “01”.
Márcia afirma que o presidente “não vai deixar” Queiroz voltar a atuar como antes. Na época, o Ministério Público já investigava o possível esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro, no período em que foi deputado estadual no Rio de Janeiro e Queiroz estava escondido na casa do advogado Frederick Wassef, em Atibaia (SP).
Na troca de mensagens, Nathalia disse para a madrasta que Queiroz era “burro” por continuar fazendo as articulações.
“É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas enfim não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu tenho que estar do lado dele”, respondeu Márcia, em um dos áudios obtidos pelo Uol.
Procurado pelo Uol Wassef, que representa o presidente, negou ilegalidades e disse que existe uma antecipação da campanha de 2022. Wassef afirmou ainda que os fatos narrados por Andrea “são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos”.

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