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Luciana Paranhos Vieira: Uma Jornada de Dedicação à Educação Especial e Inclusiva

A educação inclusiva ainda é um campo pouco explorado no Brasil. Estimativas recentes nos Estados Unidos mostram que uma em cada seis, ou seja, cerca de 17% das crianças dos 3 aos 17 anos têm uma ou mais deficiências de desenvolvimento. As deficiências de desenvolvimento são um grupo de condições devido a uma deficiência nas áreas física, de aprendizagem, de linguagem ou de comportamento. Essas crianças precisam ser incluídas nas escolas para atingir o máximo em seu desenvolvimento. No entanto, de acordo com o último censo escolar, apenas 6% dos professores do país estão preparados para trabalhar com crianças com necessidades especiais.
Luciana Paranhos Vieira vive essa realidade. Professora há mais de duas décadas, ela se dedica à inclusão desses alunos, desenvolvendo métodos de ensino, adaptando o ambiente escolar e criando um ambiente seguro e afetivo para pais e crianças.

Luciana, você começou como professora e foi se especializando em educação inclusiva. Como foi essa trajetória?
Luciana: Minha trajetória na educação começou em 1999, quando comecei a lecionar para alunos da educação infantil. Esse período despertou minha curiosidade sobre como adaptar e ajustar atividades inclusivas e teorias de ensino para melhor atender às necessidades individuais de meus alunos. Busquei uma graduação em Pedagogia, que é a base do método e da prática de ensino, e me formei em 2004. Em 2018, concluí outro bacharelado em Letras, com ênfase no inglês. Ao longo da minha trajetória realizei outros cursos ligados ao desenvolvimento do estudo da Educação Especial e Bilingue, como terapia do autismo, autismo e família, Bilinguismo e Educação Bilíngue. Tudo isso me proporcionou uma base sólida para continuar minha busca por compreender melhor as necessidades educacionais diversificadas dos alunos.

Mas exatamente em qual momento você entendeu que seu caminho seria a área da Educação Especial?
Luciana: Após minha primeira graduação, senti uma forte inclinação para a Educação Especial. Em 2005, concluí um curso de pós-graduação em psicopedagogia, que uniu a pedagogia teórica à psicologia prática. A minha defesa de tese tinha como tema a Educação Inclusiva. Isso me permitiu não apenas compreender diferentes métodos de aprendizado, mas também identificar deficiências e barreiras educacionais que os alunos podem enfrentar em qualquer estágio de sua educação.

Você chegou a publicar artigos nessa área? Poderia falar um pouco sobre isso?
Luciana: Em 2021, tive a honra de publicar dois artigos centrados na inclusão para necessidades especiais. Os títulos foram “Inteligência Emocional e Inclusão” e “A Educação Inclusiva Mais Humana”. Esses artigos exploram os desafios e as soluções para o desenvolvimento de salas de aula inclusivas e serviços educacionais para crianças com deficiências e necessidades especiais.

Você poderia explicar a verdadeira importância da Educação Especial? Como uma educação inclusiva pode fazer diferença?
Luciana: A educação inclusiva é a única alternativa viável. Somente ela tem a capacidade de acolher todas as pessoas, assegurando que em uma sociedade inclusiva, cada indivíduo é tratado de forma única, cada dia é uma oportunidade, e cada criança é valorizada. À medida que progredimos, conseguimos atender às necessidades das crianças e suas famílias que buscam inclusão, com a confiança de que cada dia pode ser melhor que o anterior.

Você traz em sua fala que existe uma necessidade de que um dia deva ser melhor que o anterior quando o tema é a evolução da inclusão na educação. Como garantir que essa evolução realmente aconteça na prática dentro de uma escola?
Luciana: Orientar os profissionais da escola, proporcionando-lhes oportunidades de participar em cursos, palestras e reuniões, é um dos caminhos a serem adotados para que eles compreendam as necessidades específicas das pessoas com deficiência. A discussão contínua sobre esse tema permite uma reavaliação dos espaços escolares e das estratégias para integrar todos os alunos na rotina escolar. Isso, por sua vez, promove uma maior inclusão e autonomia no ambiente escolar. No espírito da pedagogia de Paulo Freire, os educadores devem buscar fomentar a autonomia dos alunos, permitindo que desenvolvam suas habilidades críticas.

Inclusão significa ter nas salas crianças com necessidades especiais convivendo plenamente com crianças típicas (sem nenhum tipo de necessidade), correto? Como é fica o aprendizado dessas crianças que não necessitam suporte? O que elas ganham com essa convivência?
Luciana: Inclusão significa, sim, ter crianças com necessidades especiais convivendo plenamente com crianças típicas, promovendo uma diversidade saudável e enriquecedora no ambiente escolar. Quanto ao aprendizado das crianças que não necessitam de suporte adicional, elas também podem se beneficiar significativamente com essa convivência inclusiva. A inclusão na educação proporciona benefícios como o desenvolvimento da empatia, aprendizado colaborativo, ampliação de horizontes, desenvolvimento social e preparação para a vida adulta, pois permite que as crianças típicas aprendam sobre compreensão, respeito às diferenças, cooperação e interação em um mundo diversificado e inclusivo. Portanto, a inclusão não apenas beneficia as crianças com necessidades especiais, mas também contribui para o desenvolvimento de crianças típicas, tornando-as cidadãos mais bem preparados para uma sociedade inclusiva e diversa.

O Brasil forma milhares de professores todos os anos. Por que faltam professores preparados para lidar com crianças com necessidades especiais?
Luciana: A falta de professores preparados para crianças com necessidades especiais no Brasil ocorre devido à formação inadequada, falta de recursos, alta demanda, baixa oferta, salários baixos, falta de conscientização, burocracia e desafios socioeconômicos. Resolver esse problema requer investimentos em formação, infraestrutura, conscientização e valorização dos professores, além de políticas públicas eficazes e recursos adequados para promover a inclusão na educação.

Como educar os pais para procurarem escolar que supram as necessidades dos seus filhos?
Luciana: Para educar os pais a procurarem escolas que atendam às necessidades de seus filhos, é essencial fornecer informações claras sobre a educação inclusiva, compartilhar recursos úteis, organizar visitas às escolas inclusivas, promover grupos de apoio de pais e incentivar a advocacia por políticas inclusivas. A orientação deve ser personalizada, destacando a importância de atender às necessidades individuais das crianças.

Agora um pouco sobre seu futuro profissional. O que você espera alcançar daqui para frente?
Luciana: Minha aspiração é continuar a aprimorar meus métodos e conhecimentos na Educação Especial, buscando sempre oferecer uma educação inclusiva e de qualidade para todos os alunos. Quero continuar desenvolvendo projetos inovadores e compartilhando meu aprendizado com a comunidade educacional, inclusive fora do Brasil.

Que mensagem você deixa para os professores que estão pensando em seguir o caminho que você seguiu?

Luciana: É um caminho de muito trabalho, resiliência e luta. Mas é um caminho maravilhoso. É necessário lembrar sempre do impacto significativo que você terá nas vidas das crianças com necessidades especiais. Você irá cultivar compaixão, empatia e disposição para aprender e ensinar continuamente. Aofinal da caminhada, você reconhecerá trata-se de uma posição desafiadora, mas incrivelmente recompensadora em termos de crescimento pessoal e impacto social.

Muito obrigado por compartilhar sua história conosco, Luciana. Agradecemos pela entrevista e desejamos um futuro de muito sucesso na Educação.
Luciana: Agradeço a oportunidade. Acredito firmemente que cada criança merece uma educação que nutra suas habilidades únicas e as capacite para um futuro brilhante.

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