O 1º Festival Indígena de São Vicente, realizado na quarta e quinta-feira (19 e 20), mostrou que veio para ficar. As ações em homenagem ao Dia do Índio se deram nas dependências do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHG-SV, na Rua Frei Gaspar, 280 – Centro), com atividades diversas, como rodas de conversa, esportes, exposição de artesanato e oficinas culturais. O evento recebeu os três núcleos indígenas da Aldeia do Paranapuã.
Um dos intuitos da festa foi o de mostrar que o dia 19 de abril não serve apenas para se celebrar a contribuição ancestral dos índios na formação da sociedade brasileira, ou a necessidade de se conservar a cultura indígena. Demonstrou que devemos, primordialmente, salientar a urgente demanda de se enxergar o índio como um cidadão que tem o direito de determinar o seu próprio destino, não cabendo à sociedade ou aos governos orientar as escolhas desses povos que há tanto tempo aqui se estabeleceram.
Alunos das escolas municipais Carolina Dantas e República de Portugal marcaram presença, conhecendo a cultura dos povos indígenas. “Os estudantes pintaram o rosto, degustaram comidas típicas e participaram de algumas atividades típicas”, destacou a assessora Rana Laura, da Prefeitura de São Vicente.
Organizador do evento, o diretor da Confraria Jovem do IHG-SV, Elias Júlio Ferreira, fez um balanço sobre a edição inaugural, idealizada para marcar a memória do vicentino. “É um momento de rememorar a luta dos povos que viviam muito antes do chamado ‘descobrimento do Brasil’. Pois é lembrando do passando e trabalhando no presente que teremos um futuro melhor”, afirmou Elias. De acordo com ele, a cultura nacional é riquíssima, e conservá-la é dever de todos. “Devemos, acima de tudo, mostrar que este povo tem, sim, o direito de determinar seu próprio destino. Foi muito emocionante ver a criançada das escolas, os munícipes que estiveram no festival interagindo, pintando seus rostos e conhecendo de perto, no cotidiano da cidade, a arte, gastronomia, e esportes típicos da Aldeia do Paranapuã”.
Presidente do Instituto Histórico, Paulo Costa ressaltou que a origem indígena do País começou há 12 mil anos. “A partir dali se criaram os povos sambaquis e surgiram os indígenas. Essa terra não é nossa, e sim dos indígenas. Temos uma dívida de gratidão com esse povo”, ressaltou Paulo.
“É uma alegria grande fazer parte deste festival. Uma cultura maravilhosa, com seu artesanato, a música e a rica história, com a certeza de que o Festival do ano que vem será ainda melhor”, manifestou-se a vice-prefeita, Sandra Conti, que representou o prefeito Kayo Amado na festividade.
A subsecretária de Cultura de São Vicente, Elizângela Bafini, enalteceu a importância de mostrar as verdadeiras raízes brasileiras. “Ao falarmos dos povos indígenas, parece algo distante, mas é motivo de muito orgulho saber que são a nossa origem. Quando valorizamos a nossa raiz, valorizamos o nosso hoje”.
Cacique Ronildo salientou que a cultura guarani permanece viva, mantendo a espiritualidade, a crença e ensinando as crianças a respeitar a natureza, o ser humano e os animais. “Essa é a nossa missão. Minha mensagem é para que olhem mais pela preservação da natureza, pois todos nós dependemos dela para a nossa sobrevivência e para um futuro próspero”.
O 1º Festival Indígena de São Vicente foi uma realização da Confraria Jovem do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, em parceria com a Prefeitura de São Vicente. O evento contou com o apoio de variados setores da sociedade civil organizada e do poder público, entre os quais organização não governamental Alfa e Ômega, Coral Mborai Mirim, Coral Mensageiro, Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA), Secretaria de Educação (Seduc), Secretaria de Turismo (Setur) e Secretaria de Cultura, Esportes e Cidadania (Secec), dentre outros colaboradores e voluntários.
Toda a solenidade pode ser conferida pelo link https://fb.watch/cyM8LjNk_2/