A identificação correta e rápida de que mal acomete uma pessoa que precisa de primeiros socorros é tão importante quanto a conduta a ser realizada neste tipo de atendimento. A avaliação é do enfermeiro Washington Miranda da Cruz, que há mais de 10 anos atua no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 192 de Santos.
Uma das dicas que o enfermeiro dá quando alguém se depara com uma pessoa com suspeita de parada cardíaca é ver se ela responde ao chamado. Caso ela não responda, deve-se acionar o Samu 192 e iniciar as compressões cardíacas. Primeiramente, posicionando a pessoa em uma superfície rígida – não iniciar os procedimentos se ela estiver em uma cama ou sofá – deitada de costas e inclinar a cabeça, deixando o queixo voltado para o alto, para liberar as vias aéreas. Ao acionar o Samu 192, deve-se pedir que o socorro venha acompanhado do desfibrilador externo automático (DEA).
Conforme explica Washington, que atua no Núcleo de Educação Permanente (NEP) da Secretaria de Saúde de Santos, a compressão cardíaca na pessoa tem de ser feita em uma área logo acima do estômago e entre os dois mamilos. “São necessárias 120 compressões por minuto, durante dois minutos. Depois, o ideal é revezar esse procedimento com outra pessoa, que deve estar em frente a quem faz essa massagem, para que não haja perda da qualidade do atendimento por cansaço”. Essa ação só deve ser interrompida com a chegada dos socorristas.
Em casos de bebês com suspeita de parada cardíaca, a resposta deve ser obtida com toques na sola dos pés. E a massagem passa a ser feita com dois dedos, não com as duas mãos, como é no atendimento aos adultos. Nos dois casos, devem ser observados ritmo (constante), profundidade da compressão (um terço do tórax, ou 5 centímetros), o movimento de retorno do tórax e o rodízio entre as pessoas que estão atendendo.
DERRAMES
Washington, que ministrará curso esta semana para os novos guardas civis municipais, ensina que, em casos de suspeita de derrame (ou acidente vascular cerebral, AVC), o procedimento é diferente. “Inicialmente, peça para a pessoa sorrir e ver se há alguma deformidade na face”. Na sequência, deve-se pedir para a pessoa fechar os olhos e levantar os braços (e ficar atento se um dos braços não fica linear ao outro). Outro fator que pode indicar um derrame é ver se a pessoa tem dificuldade em falar o próprio nome. “Pode-se pedir também para que ela cante uma música e, assim, ver se há alguma dificuldade na fala”. Em casos positivos a esses fatores, deve-se encaminhar a pessoa a um posto médico.
SANGRAMENTO
Caso alguém se depare com uma pessoa com sangramento, também é possível ajudá-la antes do encaminhamento a um médico. Washington Miranda da Cruz explica que há dois tipos de sangramento: o venoso, onde o sangue sai mais escuro, e o arterial, quando o sangue jorra com mais força e é mais vermelho. O sangramento arterial é mais perigoso, destaca o enfermeiro. “Nos dois casos, o ideal é estancar o sangramento com um pequeno tecido, que pode ser uma camisa ou toalha rasgada até o encaminhamento a uma unidade de Saúde”.