Esmeralda Ortiz encerrou, na noite de quarta-feira (13), o primeiro dia de programação do Encontro de Educadores de São Vicente, evento anual voltado aos 2,2 mil professores da rede municipal de ensino.[
Escritora, cantora, compositora e jornalista, a palestrante tem no seu currículo mais que uma história de sucesso. Esmeralda é a superação personificada.
Quando criança, ela morou nas ruas de São Paulo, usou crack, foi abusada dentro e fora de casa. Ia para escola apenas pela merenda e, depois de comer, pulava o muro para ganhar o mundo. Quando não conseguia escapar, apanhava dos colegas “por ser negra e ter o cabelo duro”.
Na Febem, sempre tinha um toco de lápis e um papel de pão escondidos, que ela usava de madrugada, no escuro, para criar poesias. “Eu estudei até a segunda série, e não sabia escrever direito. Mas, entendia da palavra que punha no papel”, recorda.
Em determinado momento, Esmeralda pediu a Deus que a levasse embora, ou a tirasse daquela condição. A segunda opção prevaleceu.
Um homem chamado Toniquinho Batuqueira, que tirava as drogas das crianças e entregava-lhes instrumentos musicais em troca, cruzou o seu caminho, mudando o seu destino.
Sempre destacando que a vida foi a sua escola, e as mães da rua as professoras que a ensinavam a sobreviver, foi por meio de Batuqueira que Esmeralda descobriu a música e a literatura como “fios condutores de liberdade” – palavras dela.
Conhecer o chão duro onde dormia e enfrentar o frio e a chuva fortaleceram essa guerreira, que escreveu oito livros que ajudam a inspirar milhares de brasileiros.
Assim foi a palestra: comovente, mas inspiradora e cheia de alegria.